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JORNAL 3° Viagem – 2005

JORNAL 3° VIAGEM

 

Índice

Apresentação

Seguindo as Instruções

“Ele vive”

Duas Cidades, Uma Realidade

Fazedores de Tendas

Carta dos irmãos do Piaui

Isto é Pelo Menos Curioso!

Mais Que Verdade

O Menino e o Palhaço

Carta do Beat

Missão Integral

Missão Solidária

Mundão de Meu Deus

Nossos Caminhos

Porque uma Igreja Evangélica foi Plantada em Jurema, lá no Piauí?

Fotos das igrejas plantadas


Apresentação

Pés rachados, como é rachada a terra pela qual eles caminham. Os olhos, acostumados com a luz escaldante do sol, demoram pegar no sono quando a noite chega. A família mais uma vez dormiu com a barriga vazia. O dia custa a nascer. A noite teima em continuar, mesmo que apenas na solidão do coração.
É difícil acreditar em alguma coisa ou em alguém por estes lados. É tudo tão ruim, tão desesperançoso e Deus parece tão distante!
O abismo é largo. Chegar até aqui significa romper barreiras, não apenas territoriais, mas também históricas, mentais e espirituais. Por isso, cada novo passo dado por estas terras é motivo de alegria.
É o que o Projeto Água Viva tem feito ao longo destes três últimos anos, levando recursos básicos, ensinando ofícios, auxiliando a encontrar soluções para problemas, transmitindo o amor de Deus e suas palavras de justiça, esperança e salvação. Com humildade, coragem e muita paixão por Jesus e pelas pessoas, um grupo de universitários e profissionais cristãos, enviados pelas igrejas locais, têm servido ao povo do Nordeste com seus dons e talentos (mesmo que por um tempo limitado). Sabemos que isso ainda é pouco diante da grandiosidade dos problemas e das carências de quem vive no Nordeste. Por isso mesmo, não há tempo a perder e todas as iniciativas para resgatar a dignidade destas pessoas são bem vindas.
A idéia deste Informativo surgiu em uma conversa informal. Sentimos coragem e resolvemos torná-lo realidade. Não queremos usá-lo como instrumento para massagear egos. Nosso desejo é que você, ao lê-lo, perceba que fazer missões é algo sério, mas também muito divertido; é uma grande responsabilidade, mas também um grande privilégio; é desafiador, mas muito compensador; é falar do amor de Deus, mas também expressá-lo profundamente de todas as formas necessárias.
As histórias, os testemunhos, as reflexões, os resultados, a providência e cuidado de Deus... tudo isso é fascinante demais! Não deixe de ler, sentir e caminhar por estas linhas, frases e palavras.

Lissander Dias, Jornalista e Missionário, colaborador do PROAV
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Seguindo as Instruções

Desde a segunda viagem do Projeto Água Viva eu tive vontade de participar, pois queria trabalhar com algo diferente, com missão integral, levando o pão material e o espiritual ao povo carente. Depois do treinamento do Projeto e da preparação, parti para o sertão. Só que, antes de fechar a mala, algo me chamou a atenção para uns fôlderes da ABU que estavam em cima da minha cama. Relutei, mas depois de algum tempo decidi colocá-los em minha mala, apesar de eu achar que nuca poderia usá-los no sertão nordestino. Acabei levando também, não sei por que, um CD do filme Paixão de Cristo e um guia de estudo bíblico. No segundo dia depois que chegamos em Anísio de Abreu, ficamos sabendo sobre uma universidade que havia lá. Nem dei muita atenção. Entretanto, no terceiro dia acabamos indo à universidade. Chegamos lá sem avisar e a diretora da UESPI (Universidade Estadual do Piauí) permitiu que realizássemos ali o que desejássemos. Bem, a parti daí apresentamos palestras e peças teatrais, realizamos dois estudos bíblicos evangelísticos na faculdade (usando aquele manual que eu tinha levado sem saber para que) e organizamos reuniões de treinamento sobre grupos de testemunho cristão, etc. Em nosso último dia de atividades em Anísio de Abreu organizamos um videodebate baseado no filme Paixão de Cristo e organizamos uma diretoria da ABU, estruturando assim o movimento estudantil cristão naquela cidade.
Aprendi nessa viagem muitas coisas e consegui ver a misericórdia de Deus, que permite que pecadores como nós sejamos transformados em instrumentos de transformação de outros, basta para isso confiar e depender em tudo do Senhor. Seguir suas instruções!

Daniel Moura, Aluno do curso de Engenharia Ambiental da UFV
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“Ele vive”

Há duas mensagens essenciais inerentes à Cruz de Cristo. Mas uma é tão gráfica, tão poderosa, que passou a obscurecer a outra por mais de 2.000 anos. A primeira, o sofrimento e morte comoventes de Cristo, têm sido retratadas milhões de vezes nas igrejas e lares pelo mundo todo. Neste contexto, a sua Cruz está indelevelmente fixada nas mentes de toda a humanidade como o símbolo eterno de sacrifício e dor. Mas a segunda imagem é igualmente vital a todos os cristãos: sua ressurreição miraculosa quase que diretamente da cruz e a promessa gloriosa que ela traz a todos nós. Este acontecimento supremo raramente é retratado.
Como escultor, este tema já vem desafiando o meu pensamento e a minha imaginação há muito tempo. Eu a vejo como uma mensagem magnífica de consolo para as nossas vidas conturbadas, uma mensagem que dá o único sentido verdadeiro e aceitável para a nossa existência. Mas ainda não acredito que séculos de criatividade nas artes sacras tenham conseguido capturar esta progressão da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Esta cruz é a minha modesta contribuição com vistas a uma solução. Eu removi qualquer vestígio de seu sangue e agonia ao remover o seu corpo débil. A cruz é literal o suficiente para retratar a Sua crucificação. No lugar deste eu apliquei uma silhueta abstrata de Seu corpo, uma declaração poderosa de que Ele deixou a cruz e este mundo para preparar e aguardar o nosso reencontro consigo no céu.

Jay J. Dugan é o escultor do projeto original da cruz vazada fincada no gramado da Universidade Gwynedd-Mercy, católica, nos arredores de Filadélfia, EUA.
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Duas Cidades, Uma Realidade

A seguir, um breve perfil das cidades em que trabalhamos em janeiro deste ano.

Anísio de Abreu virou município em 1962, mas o seu povoamento começou em 1815, quando Dionísio Ribeiro Soares e Manoel Ribeiro Soares e Filho chegaram à região para criar gado. A prosperidade do negócio e o surto de extrativismo de maniçoba atraíram outras pessoas. O primeiro comerciante se chamava Anísio Ribeiro Soares. A aglutinação virou povoado, denominado Tamanduá. Um tempo depois, veio a emancipação política. Localizado no coração do semi-árido com 7.480 habitantes, sua população vive basicamente da agricultura familiar de milho, feijão e mamona. Anísio possui hoje um centro urbano, pequeno, mas bem organizado. Apesar dos problemas socioeconômicos, tem um povo bem hospitaleiro.

Jurema se tornou município há pouco mais de dez anos (1994). Sua população é de 4.262 habitantes; a maioria mora na zona rural. Assim como Anísio de Abreu, Jurema é fruto da imigração de famílias portuguesas para esta região do Piauí.
O município tem uma área total de 1.251,44 km2. Não tem opções de emprego e apresenta uma grande pobreza em sua zona rural, porém o povo, corajoso, demonstra admirável esperança. Os dias em Jurema parecem dias de feriado, dada a grande tranqüilidade.

A realidade destas duas cidades, peculiar a tantas outras do Nordeste, é comum quando o assunto são as dificuldades econômicas. A realidade do sertão torna as necessidades básicas em necessidades especiais, como se fossem luxo.

“Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber...” (Mt 25:35)
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Fazedores de Tendas

Délnia M.C. Bastos

Mariana sempre quis servir a Deus, mas não sabia se ia pr’o seminário ou pra universidade. Por várias razões, sem ainda muita certeza do que fazer, optou pela universidade e fez agronomia. Gastou muito do seu tempo de estudante evangelizando seus colegas. De vez em quando, pensava de novo: “Se eu quero servir a Deus, por que estou fazendo agronomia? Será que eu não deveria largar tudo e ir pra uma escola bíblica?” Ela se formou e conseguiu o “primeiro emprego”. E a dúvida permaneceu na sua cabeça por muito tempo até que aquela vozinha foi sumindo, sumindo... Mariana casou-se, teve filhos, desenvolveu-se profissionalmente e acabou se esquecendo daquele seu forte desejo de servir a Deus.
Como Mariana, há muita gente confusa por aí. Herdamos o esquema de pensamento grego, de departamentalizar em áreas diferentes vários aspectos da nossa vida que naturalmente seriam integrados.
Mas você tem mais sorte que a Mariana! Você pode saber hoje que servir a Deus é viver para Ele, seja como agrônomo ou pastor, ou muita coisa mais! Ninguém explicou isso pra Mariana. E talvez ela estivesse mesmo servindo a Deus com seu trabalho, cuidando da sua família, mas nunca soube disso.
Fazedor de tendas, em palavras simples, é isso: ser um profissional a serviço do reino.
É verdade que Deus chama alguns de uma forma mais específica para servirem em contexto transcultural. Esses são os que chamamos de fazedores de tendas transculturais, ou missionários bi-ocupacionais, ou ainda profissionais missionários. Neste sentido, o termo, além de bíblico — tem sua origem na experiência do apóstolo Paulo e do casal Priscila e Áquila, que ganhavam o pão cortando e costurando grandes pedaços de couro que viravam bonitas tendas, ao mesmo tempo em que davam testemunho de sua fé por ações e palavras —, é também estratégico: existem hoje 66 nações que jamais poderão ouvir de Cristo e seu amor se não for por meio do fazedor de tendas transcultural. Esses países são absolutamente fechados para o missionário que chamamos de “convencional”, como pastor, professor de seminário e tradutor da Bíblia.
Tomara que as Marianas e os Franciscos de hoje entendam que sua profissão é útil, sim, para o reino de Deus. E que se entreguem para trabalhar apaixonadamente por Ele no carente sertão nordestino, entre as muitas tribos indígenas brasileiras ainda inalcançadas com o evangelho e com as formas práticas do evangelho, nos bairros periféricos das grandes cidades brasileiras e... “até os confins da terra”!

Délnia é secretária executiva da Interserve, uma agência que funciona em parceria com o Centro Evangélico de Missões e que envia profissionais cristãos para o Mundo Árabe e partes da Ásia.
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Carta dos irmãos do Piaui

Queridos irmãos do Projeto Água Viva,

Saudações.

Já vínhamos orando há algum tempo pelo trabalho em Anísio de Abreu, para Deus realizar ali uma obra, pois a mesma estava muito fraca e sem perspectiva só com os nossos recursos locais. Havia necessidade de alguém de fora se interessar e sentir-se tocado por Deus para trazer alguma ajuda. Jurema, era outra cidade, que pretendíamos alcançar com o evangelho, mas as dificuldades eram muitas e desanimadoras.
Louvamos a Deus pelo empreendimento realizado pelo Projeto Água Viva, naquelas duas cidades. Somos agradecidos a Deus pela grande ajuda que veio através da equipe de universitários que foi uma bênção para todos nós. O comportamento de cada um foi exemplar, mesmo com as acomodações precárias, desde as modestas refeições, alojamentos sem nenhuma infra-estrutura , falta d’água até para tomar banho, nunca ouvimos uma reclamação ou queixa por parte da equipe, pelo contrário, os jovens eram sorridentes e sempre disponíveis e pontuais em tudo. Isto nos marcou muito.
Tanto Jurema como Anísio de Abreu, são cidades pequenas e pobres, cravadas no sertão do Piauí, na região mais pobre do nordeste, só ha poucos quilômetros de Guaribas, que ficou internacionalmente conhecida por ser a cidade mais pobre do Brasil.
Queremos e precisamos continuar com esta parceria. Precisamos de alguém que nos ajude a fazer mais por aquelas e quem sabe outras cidades que também são igualmente carentes.
A AICEB - Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Brasil - através da sua Diretoria Regional Nordeste, bem como a SAM - Schweizer Allianz Mission (Missão Aliança Suíça) Agradecem aos irmãos João Tinoco e Elíbia e a toda equipe Água Viva, pelo grandioso trabalho realizado aqui no Piauí.
Que Deus os abençoe.
Seus irmãos,
Pr. José lucimar da Rocha – Presidente da AICEB/Região Nordeste
Pr. Martin Baumann – Vice-Presidente da SAM
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Isto é Pelo Menos Curioso!

- Esperávamos que a terceira Viagem Missionária (janeiro/2005) fosse novamente destinada ao Sertão do Sergipe. Mas isto não ocorreu.
- Tivemos o convite dos irmãos suíços que trabalham nas áreas carentes do Nordeste, porque a equipe missionária que eles esperavam não poderia ir. Mas nós poderíamos.
- Tivemos indicação do Pai de que deveríamos levar um projeto arquitetônico, para plantar uma igreja, e também uma Cruz Vazada (4,60 m), para implantar no município. A princípio, fomos temerosos com esse ímpeto, devido à ausência de recursos, mas obedecemos e levamos tudo.
- O Daniel “teve o desejo” de levar um material, geralmente usado na evangelização de estudantes universitários, para o sertão do Piauí – Loucura? Somente lá ficamos sabendo que em uma escola do 2o grau funciona, à noite, um dos “campi” da Universidade Estadual do Piauí. Resultado, um núcleo da ABU - Aliança Bíblica Universitária - ficou implantado, com diretoria e tudo.
- A Dilliani levou, “após relutar consigo”, um livro de saneamento ambiental na bagagem. Conclusão: este livro foi a base das palestras ministradas nos programas sociais da rádio. Bênção pura!
- Até a penúltima reunião do grupo de viagem não tínhamos o ônibus para viajar (um custo de 12 mil reais e só tínhamos 5 mil).
Porém, Deus providenciou não só o ônibus gratuito, como o convite dos irmãos suíços, nossa ida para o Piauí, o terreno em Jurema/PI onde o projeto arquitetônico já está sendo implantado, além de uma base de um monumento (já existente) para fincarmos a Cruz Vazada: um marco, não do Projeto, mas de que Jesus não só venceu o mundo, como vive para todo sempre e coordena tudo, inclusive seus “projetos missionários”.

Assim, pudemos contribuir, com o dinheiro que tínhamos (5 mil reais), para a construção da igreja, que terá uma creche anexada, para assistir dignamente as crianças de Jurema.

“Portanto, queridos irmãos, continuem fortes e firmes. Continuem ocupados no trabalho do Senhor, pois vocês sabem que todo o seu esforço nesses trabalhos sempre traz proveito” (1 Co 15.58)
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Mais Que Verdade

Deus não fica catando uma coisinha aqui e outra acolá para encher o Seu currículo. O currículo de Deus é menos extenso e muito mais convincente que os currículos dos escritores, pensadores, artistas, cientistas e governantes. O currículo de Deus se resume numa declaração completa e definitiva: “Eu Sou o que Sou” (Êx 3:14).
Revista Ultimato. Setembro, 1997.

“Talvez eu ainda não tenha a humildade suficiente para aceitar Deus”
Carlos Heitor Cony, escritor, ateu confesso, no debate sobre fé promovido pela Folha de São Paulo.

“Sou aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre!” (Ap 1.18, NVI)

“A ressurreição de Cristo é o acontecimento mais decisivo e significativo da história”.
Livro Os Grandes Teólogos do Século Vinte, p. 689.

“A primeira missão da igreja é morrer: perder os valores da carne para ser revestida dos valores de Deus.”
Ronaldo Lidório – Líder do Projeto Amanajé na Amazônia, CBE2, 10/2003.

“Somos 25 milhões de Evangélicos no Brasil. Onde está o poder dessa multidão?”
Russell Shedd, CBE2, 10/2003.

“A maioria dos crentes brasileiros gasta menos do valor de uma Coca-Cola por ano na obra missionária”
Tonica, CEM - EMEP fevereiro/2002

“São sujeitos da evangelização – como Cristo quis – todos os homens de todos os tempos, de todos os lugares, de todas as condições... de qualquer raça e idade, de qualquer mentalidade e em qualquer situação.”
Tullio Faustino Ossana – Ultimato, janeiro/fevereiro de 2004.

“Ninguém frustra os planos de Deus.”
Fábio Nolasco, Terceira Viagem Missionária do PROAV em 17/12/2004.
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O Menino e o Palhaço

Era o nosso último dia em Anísio de Abreu. Fui visitar uma família cujas crianças haviam freqüentado as atividades infantis do Projeto. Somente o caçula, de cinco anos, estava presente na ocasião. Muito ativo e falante, ele não sossegava um minuto sequer. Sua mãe e eu conversávamos sobre os trabalhos realizados pelo Projeto e eu explicava a ela o significado da Cruz Vazada que havíamos colocado na entrada da cidade. Foi nessa ocasião que Wesley interrompeu nossa conversa e falou sem rodeios, como é peculiar às crianças: “tia, se você tiver dor de barriga, toma um copo d’água com uma pitadinha de sal e outra de açúcar, é o soro caseiro. Você fala para o palhaço Bambu tomar este remedinho”. Disse a ele que daria o recado e não dei muita importância à recomendação. Chegando à escola onde estávamos alojados, procurei o Noral, que, para alegrar as crianças, se transformava no palhaço Bambu. Dei o recado em tom de brincadeira. Sem acreditar, Noral pediu-me que repetisse com detalhes o diálogo travado com o menino. Surpreso, ele me disse que passara a tarde tomando soro caseiro, pois estava com medo de ficar desidratado. O mais impressionante é que já havia uma semana que não tínhamos contato com as crianças de Anísio, pois estávamos concentrando todo o trabalho em Jurema. Precisamos levar mais a sério as palavras de Jesus: “Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus vêem incessantemente a face de meu Pai celeste” (Mt 18.10).

Elibia Tinoco – Coordenadora do Projeto Água Viva
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Carta do Beat

Queridos irmãos do Projeto Água Viva:

Quero em primeiro lugar agradecer a Deus e a vocês pelo ministério no Piauí. Creio que isso foi de grande bênção e efeito para a região e nossas igrejas. Sei também que o Água Viva é um grande ministério aos estudantes. Eles ganham, além de novas amizades e experiências, uma nova visão de vida e do Reino. Tenho certeza que isso vai Ter efeito no desenvolvimento da igreja brasileira. Como falei em Anísio de Abreu, são estudantes que podem vencer o denominacionalismo. Uma igreja brasileira unida vai ter muito mais poder e potencial do que a igreja hoje.

No mês de abril vamos nos reunir e planejar os trabalhos da Missão Suíça para o próximo ano. Seria muito bom se a gente pudesse contar mais uma vez com vocês.

Em Cristo, nosso Salvador e Senhor

Beat
Vice-Presidente da SAM - Schweizer Allianz Mission (Missão Aliança Suíça)
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Missão Integral

A Bíblia é o livro religioso mais pé-no-chão que existe. Encara a realidade do ser humano e do cosmos com objetividade. É radicalmente a favor da justiça, do amor, e do respeito mútuo e radicalmente contra o pecado e a injustiça. Não é um livro idealista, sonhador, encara o homem com todo o seu potencial para o bem e para o mal. Leva a sério todas as dimensões da existência pessoal, social e do cosmos. E chama o ser humano, criado para ser mordomo (administrador responsável) desta criação, realidade cósmica.
O ser humano foi criado segundo a Imagem de Deus, como seres de corpo e alma, formados em comunidades, e chamados para serem mordomos da criação. Porque nosso corpo faz parte da boa criação de Deus, precisamos de um bom suprimento de coisas materiais para sustentá-los. Qualquer estrutura econômica que impede que as pessoas produzam e gozem bem-estar material viola sua dignidade dada por Deus. Por causa do valor de nossa natureza espiritual, e nossa relação com Deus, qualquer sistema que tenta explicar o ser humano como mero fator econômico, ou que oferece abundância material como a principal maneira de satisfação humana contradiz a essência da natureza humana. Qualquer estrutura econômica que permite que o capital explore desavergonhadamente os trabalhadores contradiz a dignidade humana.
As pessoas foram feitas para a liberdade pessoal e a solidariedade comunitária. Deus preocupou-se tanto com cada pessoa, que Jesus morreu pelos pecados de todo o mundo e convida cada pessoa a responder à oferta gratuita da salvação. Ele requer que os sistemas políticos e econômicos reconheçam e protejam a dignidade e liberdade de cada pessoa. Qualquer sistema que nega a liberdade às pessoas, ou lhes reduz a meros fatores de produção, viola sua dignidade humana.
Desde o Antigo Testamento a mensagem dos profetas tem relação direta com a injustiça social, a opressão, o sofrimento dos pobres, a arrogante despreocupação e a cobiça dos ricos. Os profetas surgiram porque os líderes religiosos oficiais, os sacerdotes, estavam aliados com os poderosos e deixaram de questioná-los. Os profetas trouxeram mensagens inflamadas, do coração de Deus, chamando o povo ao arrependimento, a uma mudança drástica de atitude. Am 2:6-7; 5:10-15; 8:4-6; Is 5:8-11; 22-23; 10:1-4; Hc 2:6-12.
Tiago fala também dos profetas como exemplos de paciência para a situação de sofrimento dos pobres. Não uma paciência passiva e fatalista, mas uma paciência submissa à vontade de Deus e que resiste contra o mal e a injustiça, não com armas e violência, mas proclamando a palavra do Senhor. Tg 5:1-11.
A Igreja continua a ter uma responsabilidade profética, de ser voz para os que não tem a oportunidade de expressar-se, lutando pela dignidade, respeito e vida condigna de todo o ser humano. Como podemos exercer esse ministério hoje?

Antônia Leonora van der Meer (Tonica), professora do Centro Evangélico de Missões.
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Missão Solidária

Vimos num espírito de reconhecimento e fraternidade agradecer o grupo de missionários do Projeto Água Viva da Universidade Federal de Viçosa pelo gesto de Amor que foi realizado no território da paróquia São João Batista a nós confiada.
Posso testemunhar que no último mês de janeiro, nossas cidades de Anísio de Abreu e Jurema do Piauí foram agraciadas com a presença de missionários e missionárias que em nome da fé independentemente de denominação religiosa aqui prestaram serviços em diversas áreas do conhecimento e necessidades humanas proporcionando grande bem às comunidades referidas. A atuação dos missionários veio também estreitar laços de amizades e aproximar a Paróquia das demais Igrejas aqui existentes.
Vosso gesto é louvável, o vosso desprendimento admirável, a vossa simpatia contagiante a vossa amizade gratificante. Abraços fraternos.

Pe. Leonísio Lira Leal - Anísio de Abreu Piauí, 24 de fevereiro de 2005.
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Mundão de Meu Deus

Eram 11 horas do dia 11 de janeiro. A estrada tinha tantos buracos que era impossível o ônibus passar dos 30 km/h. O sol era abrasador e o calor sufocante parecia succionar qualquer possível inalação do ar que tentávamos respirar. Já estávamos há 36 horas de viagem, cansados e parados na BR 407, que liga São Raimundo Nonato a Anísio de Abreu, que seria nosso primeiro campo missionário. Deu uma pane no ônibus. E agora? Ficar dentro do veículo, aguardando socorro, era impossível; e fora dele, pior ainda. O ônibus estava lotado, tanto no bagageiro como nos bancos de cima, com bagagens, doações diversas, gêneros alimentícios, livros, bíblias e uma escultura em forma de cruz de quase cinco metros. Calculei que estávamos a uns 50 km de Anísio de Abreu, nosso destino. Tratei de acalmar a equipe e avisei que deveria ir de carona para preparar a chegada deles: banho, almoço, etc.
Nenhum de nós havia estado naquela região antes. Eu sabia que ficaríamos hospedados em uma Escola Municipal, mas não tinha o endereço. Sabia também que o nosso contato era o Pr. Luiz, que não morava em Anísio de Abreu. O telefone que ele me dera para contato na cidade não atendia. O que fazer? Orar e orar. E foi o que fiz. Após 20 minutos no meio da estrada, ou seja, do nada, esperando uma carona, vi uma caminhonete de passageiros, com as bagagens pelas alturas, mas... com um único lugar vago. Com certeza, fora providenciado para mim.
Já na caminhonete, após longo papo com os ocupantes, falei que estava indo para uma cidade que não conhecia, encontrar com um pastor que não conhecia e que também não era da cidade e que deveria ficar hospedado com uma “turma” de 28 pessoas em uma escola que não sabia onde ficava. Nisso o motorista me falou: “moço, vocês por acaso são a turma de Minas que vem para Anísio”? Eu falei: “acho que somos nós”. Ele disse: “Eu vou lhe deixar onde você quer ir, pois fui eu que levei ontem 40 colchonetes para a escola onde vocês vão dormir”. Após meu silêncio e riso ele disse: “Moço, você é um cabra de sorte... tava perdido e me encontrou neste mundão de meu Deus”. Pensei comigo: Não só “o mundão é de meu Deus”, como tudo o que nele há, e onde toda a Sua vontade é feita.
A estatística, como ciência, não saberá explicar a probabilidade que eu teria de, “no meio do nada”, pegar uma carona (única) justamente com o motorista que no dia anterior havia carregado o colchão em que eu iria dormir. Mas Deus sabe!
Ali, tive mais uma confirmação que a nossa viagem missionária ao Piauí era uma graça de Deus, era parte dos Seus planos para o Piauí e para cada pessoa de nossa equipe. A turma chegou duas horas depois, e tanto o banho como o almoço já estavam esperando por eles. E Deus nos abençoou e se revelou todos os dias do tempo em que ficamos no Piauí.

João Tinôco, Coordenador do Projeto Água Viva.
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Nossos Caminhos

1ª Viagem
Data: janeiro de 2002
O Projeto Água Viva (PROAV) teve seu início operacional no sertão de Sergipe, no município de Nossa Senhora da Glória (17 mil habitantes), graças ao convite, ao apoio e à orientação recebidos da Igreja Presbiteriana 12 de Agosto, através do pastor Neemias e do presbítero Astolfo, irmãos sempre presentes.
Pode-se afirmar que naquela oportunidade ímpar (janeiro de 2002), com uma equipe de apenas quatro missionários, o PROAV teve sua formatação definida: cumprir o mandato de Jesus (Mt 28.19-20), usando a estratégia de Jesus, de missão integral, nas comunidades carentes do país, com amor, humildade e submissão.

2ª Viagem
Data: janeiro de 2003
A segunda viagem missionária do PROAV, ainda com a parceria da Igreja 12 de Agosto contou com o apoio da Igreja Presbiteriana de Viçosa, da Universidade Federal de Viçosa e de outras igrejas evangélicas. Essa viagem contou com uma equipe de 25 pessoas (4 coordenadores e 21 universitários) e atuou, com a visão da missão integral, em seis povoados no sertão do Sergipe: Poço Redondo, Sítios Novos, Curralinho, Queimada Grande e Alto Bonito (assentamento de sem-terra) e Nação dos Chocós (aldeia indígena). Foram 25 dias de trabalho no mês de janeiro de 2003, oportunidade em que foram desenvolvidas inúmeras atividades técnicas, sociais, assistenciais e evangelísticas. Nesse período, Deus nos permitiu consolidar o Projeto Água Viva, por meio de muitas bênçãos recebidas, conversões, plantação de igreja, treinamento de líderes cristãos, bem como o chamado de irmãos da equipe para um ministério de missão biocupacional.

3ª Viagem
Data: 9 a 29 de janeiro de 2005
Nossa terceira viagem missionária teve origem num convite da Aliança Suíça de Missões, que juntamente com a Igreja Cristã Evangélica nos apoiaram, acolheram e juntos tivemos, com as bênçãos de nosso Deus, uma rica oportunidade de servir ao Reino nos municípios de Anísio de Abreu e Jurema, no extremo sul do Piauí. Ali, além dos trabalhos técnicos, sociais e evangelísticos, pudemos revitalizar uma igreja em Anísio de Abreu e plantar uma igreja em Jurema (município com menos de 1% de evangélicos). Foi contagiante a simpatia do povo, dos prefeitos e dos padres das paróquias locais (Veja nosso relatório de viagem na pág. 2).

Nossos “marcos”
A cada viagem costumamos ter um “marco” inesquecível para a equipe. Na primeira viagem foi o carinho dos irmãos de Glória/SE. Na segunda: o trabalho feito em Curralinho/SE e a experiência com a tribo dos Chocós. Desta vez, na terceira viagem, a plantação da igreja em Jurema e a colocação de uma Cruz Vazada na entrada do município de Anísio de Abreu/PI. Esses fatos ficarão guardados para sempre em nossa memória.

Não inventamos a roda
Nessas três viagens missionárias, fizemos nada que não tenha sido feito por outros missionários. Contamos, sim, com a unção do Espírito, total submissão a Deus e com o entusiasmo, vida e vocação de universitários cristãos, que têm tornado o Projeto Água Viva um estágio de vivência, um treinamento para líderes e uma oportunidade de servir.
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Porque uma Igreja Evangélica foi Plantada em Jurema, lá no Piauí?

Simples, porque Jesus disse: “Ide portanto, fazei discípulos de todas as nações... ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado (Mt 28:19-20).
Este discurso de Jesus, não é um convite. Não é dirigido a uma religião ou denominação. Não é dirigido a um povo ou a uma raça. Não trata-se de um mero pedido para ser aplicado em situações convenientes. Não é uma proposta de barganha, onde quem atende recebe compensações etc. Não é uma sugestão, para que alguns atendam e outros simplesmente ignorem... não. Esse discurso de Jesus é uma ordem: “Ide e fazei discípulos”. Portanto, é nossa obrigação obedecer. E isso deve ser feito além da auto-satisfação, pois o principal objetivo (em ir), é fazer Jesus feliz.
O “Ide,” nos remete a um movimento, a uma ação. Já na frase “fazei discípulos de todas as nações”, essa idéia de movimento é muito mais contundente. Nota-se também uma idéia de descentralização, ou seja, Jesus quer discípulos de todas as nações, “até dos confins da terra” (At 1.8). É válido supor que existe também uma conotação de desbravamento na ordem de Jesus (“todas as nações... os confins da terra”). Assim sendo, é aceitável imaginar que Jesus não está se referindo a lugares onde alguém já tenha ido, já que ele próprio advertiu que “a messe é grande e os trabalhadores são poucos” (Lc 10:2). Além disso, não é aconselhável anunciá-lo onde outros já o anunciaram, pois seria muito deselegante “edificar sobre fundamento alheio”(Rm 15:20).
Muito poucos evangélicos sabem que o Nordeste tem média 320 municípios com menos de 3% de evangélicos e tem mais de 10.000 povoados na zona rural sem presença evangélica (Missão JUVEP).
É verdade que Jurema é muito longe de Viçosa (1.868 km), nos confins do Nordeste, mas também é verdade que lá tem menos de 0,8% de evangélicos e muitas pessoas que não sabem que já foram compradas por Jesus.
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